A fala da professora no Programa Intera chamou a atenção de todos que acompanhavam a entrevista
Após 20 anos de arrecadação crescente, a Prefeitura de Alagoinhas precisa de uma reforma profunda, que terá que começar do zero, segundo a professora Jacilena Almeida, em entrevista ao Intera de Rayner, nesta segunda-feira, 30. Para ela, Alagoinhas está acabada, sem projetos e sem diretrizes básicas para suas diversas áreas de atuação. Ela reclama que a cidade perdeu seu alto nível histórico de discussão crítica e está sendo levada por emendas parlamentares que não permitem um diagnóstico claro, uma articulação coerente de ideias e a identificação de elementos norteadores para a formulação de políticas públicas.
O asfalto com viés eleitoreiro, para Jacilena, representa um caráter imediatista e oportunista que inviabiliza uma visão de longo prazo e a realização de projetos estruturantes e articulados, seguindo princípios administrativos consistentes para atender a demandas bem definidas. Para Jacilena, a Prefeitura precisa de uma devassa total e de uma reforma geral, com revisão de todos os procedimentos e condutas. Do contrário, continuará mais do mesmo.
Filiada ao PSOL e eleitora de Ednaldo Sacramento, do PSTU, a professora, ao ser perguntada sobre quem seria o pior para Alagoinhas entre Paulo Cezar e Gustavo Carmo, escolheu o candidato do Prefeito e do Governador. Segundo ela, Gustavo Carmo, por não imprimir uma marca própria na política, costurou sua candidatura em gabinetes, formando um amplo arco de alianças. Contudo, na prática, reuniu um grande número de políticos de pequena envergadura, todos ávidos por um cargo na futura administração. São pessoas que vivem às custas da velha política e se acham em condições de falar sobre mudança e inovação. Quando não estão em mandato, ocupam algum cargo comissionado.
Para Jacilena, isso fará com que tudo continue na mesma situação: ações fragmentadas e pontuais, baseadas em emendas parlamentares. Em contrapartida, o investimento com recursos próprios é baixo, em torno de apenas 7%, segundo Renato Almeida, em entrevista no mesmo programa. A máquina pública vai continuar inchada, pesada e ineficiente. Dos R$ 600 milhões/ano, metade é destinada ao pagamento de pessoal, além das despesas com locação de móveis e imóveis, que drenam o orçamento. Jacilena questionou o legado de Gustavo Carmo à frente da Câmara de Vereadores. Afirmou ainda que Gustavo participou do governo de PC, fortaleceu o divisionismo da esquerda ao ser vice de Radiovaldo Costa e, antes mesmo da eleição terminar, já articulava sua adesão ao grupo de Joaquim Neto.
O asfaltamento promovido por Joaquim Neto, considerado o grande feito do seu governo, se mostra tecnicamente questionável por não ser acompanhado do devido esgotamento sanitário e drenagem. Aliás, a cidade precisa tanto de macrodrenagem pelo fato de não haver drenagem; todas as manilhas estão entupidas, e a rede, em sua quase totalidade, é composta por tubos de cimento, com quase nada de PVC. Jacilena aponta a nova praça no Riacho da Guia como indicativo dessa forma desumanizada de gestão. Ela acusa o corte na cepa de árvores centenárias. Falou sobre meio ambiente, mas não tratou de parques ecológicos nos bairros. No entanto, lembrou que, por falta de esgotamento sanitário, o Rio Catu é uma “sopa de esgoto”, assim como a Fonte dos Padres e a Lagoa da Feiticeira. Também não mencionou o esgoto a céu aberto em Alagoinhas Velha, deixado por Joseíldo Ramos.
Os elogios de Radiovaldo Costa às novas escolas construídas pelo Governo do Estado lembraram Jacilena da Escola Modelo e da Escola Cívico-Militar. Para ela, são melhorias externas para uma educação que não valoriza e sobrecarrega os professores. Reclamou que, em cada escola, se formam panelinhas para beneficiar poucos. Ela afirmou que as escolas em tempo integral não podem ser destinadas ao mero reforço escolar, sendo necessário criar espaço para a cultura e os esportes e levar os educandos a uma vivência com a cultura da cidade, tanto como produtores quanto como público qualificado. Isso despertaria uma prática esteticamente rica e socialmente emancipadora – assim se faz uma cidade humanizada.
Por Paulo Dias - Jornalista e colunista do Portal Pereira News
