O EMPRÉSTIMO MILIONÁRIO DE GUSTAVO CARMO - Por Leandro Sanson

Alagoinhas pede um “Cheque Especial” de 30 Milhões de Dólares para Hipotecar o seu Futuro

Imagem: Divulgação


Em um arroubo de otimismo fiscal que faria corar o mais gastador dos novos-ricos, a gestão do Prefeito Gustavo Carmo decidiu que a solução para os problemas de Alagoinhas é mais dívida.

Na prateleira de ideias questionáveis para a administração pública, Gustavo Carmo parece ter encontrado uma promoção imperdível: endividar o município em moeda estrangeira. O recente projeto de lei enviado à Câmara de Vereadores, solicitando autorização para um empréstimo de US$ 30 milhões (ISSO MESMO... EM DÓLARES), não é apenas um pedido de crédito, mas sim a formalização de uma aposta de altíssimo risco, cujo prêmio, se houver, será do marketing político, mas cuja conta, certamente salgada, será paga por cada cidadão alagoinhense.

A justificativa oficial para o montante, que hoje ultrapassa os R$ 160 milhões, é a de sempre: "investimentos em infraestrutura". Uma promessa genérica e conveniente, que serve de embalagem para quase qualquer tipo de gasto. Contudo, o que realmente assusta não é apenas o valor estratosférico, mas a irresponsabilidade de atrelar as finanças de uma cidade baiana, cuja arrecadação é 100% em Real, à volátil e imprevisível cotação do dólar americano.

Para um município, cujas receitas (IPTU, ISS, repasses estaduais e federais) são fixadas em moeda nacional, isso representa uma vulnerabilidade extrema. É como um trabalhador que recebe seu salário em Reais, mas decide financiar seu carro em Ienes (moeda japonesa), e passa a acordar todo dia conferindo a bolsa de valores de Tóquio. Qualquer soluço na economia global, qualquer instabilidade política em Brasília (que com o atual governo tem sido constante) pode transformar uma parcela "pagável" em um monstro impagável.

O presente natalino de Gustavo Carmo se revela que não é um presente, mas a conta de um banquete que a população não foi convidada a desfrutar, mas certamente será intimada a pagar.

A administração municipal, em um aparente surto de amnésia seletiva, parece ignorar o elefante branco que já “pasta” nos cofres públicos: o crescente endividamento do município. Em uma manobra que demonstra uma genial falta de planejamento a longo prazo, a estratégia parece ser a de tapar um buraco cavando outro, só que desta vez, com uma retroescavadeira financiada a juros altos. O plano é brilhante em sua simplicidade: empurrar o abacaxi financeiro para a próxima gestão e deixar que o futuro, e os contribuintes, se vire para descascá-lo.

Aliás, ao analisarmos o histórico dos empréstimos de Joaquim Neto (tendo Gustavo Carmo como fiel escudeiro) a perspectiva de futuro não é promissora. Resultados: MUITA DÍVIDA, FINALIDADES NÃO CUMPRIDAS, e aplicação de recursos em prioridades minimamente questionáveis.

O que significa, na prática, essa "solução" milionária? Significa que, no futuro, uma fatia ainda maior da arrecadação de impostos, que deveria ser destinada à saúde, educação e segurança, será carimbada com o selo de "pagamento de dívida". Cada real pago pelo cidadão no IPTU, no ISS e em outras taxas municipais correrá o risco de não se converter em um médico no posto de saúde ou em um quadro novo na escola, mas sim em mais um boleto quitado junto aos bancos credores.

A ironia suprema é que a falta de gestão que hoje cria os problemas de infraestrutura é a mesma que agora se apresenta como a única salvadora, armada com um talão de cheques sem fundo. Em breve, os cidadãos poderão andar por uma rua recém-asfaltada, orgulhando-se de saber que cada metro quadrado daquele pavimento custará aos seus filhos e netos uma pequena fortuna em juros.

No fim das contas, a proposta da administração Gustavo Carmo é um monumento à imprudência fiscal. É um convite para que a população de Alagoinhas pague por uma festa luxuosa, com um cardápio importado, sem saber o valor final da conta. Afinal, governar não é apostar no cassino global, mas sim garantir estabilidade e segurança para seus cidadãos!

Resta saber se a Câmara de Vereadores, na qualidade de representantes do Povo e fiscal do Executivo, terá a coragem de apertar o freio dessa locomotiva desgovernada ou se dará o aval para que se venda o almoço de amanhã para pagar a sobremesa de hoje. A população, a verdadeira credora desta gestão, aguarda ansiosamente pelo veredito, enquanto verifica o saldo de sua própria conta bancária, algo que a prefeitura parece ter se esquecido de fazer com a do município.

Leandro Carvalho Sanson é professor, advogado, coordenador acadêmico, ativista político filiado ao Novo e escreve para o Portal Pereira News.

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