A importância social, econômica e ecológica da jaqueira - Por Paulo Chiacchio

Na coluna desta semana, o engenheiro agrônomo aborda sobre a árvore de origem indiana que tornou-se um patrimônio brasileiro

Crédito: Márcio Rebouças

A jaqueira ou pé-de-jaca (Artocarpus heterophyllus), originária da Índia, introduzida no Brasil no período colonial, é uma árvore tropical de grande porte, perenifólia, de copa frondosa e densa, com tronco robusto de até 25 m de altura, integrante da família das Moraceae.

Produz os maiores frutos comestíveis no caule (cauliflora), chamados sincarpos, de forma ovalada, podendo pesar até 30 quilos e medir mais de 40 cm de comprimento. Em função da consistência, os frutos são conhecidos vulgarmente como jaca dura ou jaca mole, muito apreciados “in natura”, como doces ou geleias caseiras pela população e como fonte de alimento para a fauna em geral.

O fruto da jaqueira ou jaca proporciona alguns benefícios para a saúde. É rico em potássio, auxilia na redução da pressão arterial e é fonte de vitamina A, vitamina C, tiamina, niacina, ferro, sódio, cálcio, fibras, fósforo etc.

As folhas são úteis para curar febre, furúnculos e doenças de pele. O látex, também conhecido como visgo, é utilizado no tratamento de faringite. Na Índia, a polpa é fermentada e transformada em um tipo de aguardente. Os caroços podem ser consumidos depois de assados ou cozidos, possuindo sabor semelhante ao das castanhas europeias.

A jaqueira vegeta de forma subespontânea nas regiões tropicais e subtropicais de alguns estados brasileiros, desempenhando um papel importante diante de sua contribuição ambiental, econômica e social, características fundamentais da sustentabilidade ambiental.

Parafraseando o destacado engenheiro agrônomo, pesquisador aposentado da Ceplac – Luiz Ferreira, editor do Agrisenior: “A jaca já se naturalizou e tem CPF brasileiro. Deixou de ser exótica. Tem sotaque baiano.”

Do ponto de vista socioambiental, a jaqueira desempenha um papel importante e de fundamental relevância. Está perfeitamente adaptada aos diversos ecossistemas das regiões tropicais e subtropicais e, quiçá, também ao semiárido sob irrigação, contribuindo com alimento para o homem, animais domésticos e para a fauna silvestre, além de gerar emprego, renda e lucros, especialmente na agricultura familiar.

Muito bem lembrado pelo saudoso poeta cruzalmense Luciano Passos, na poesia As Jaqueiras de Mel, com a feliz comparação: “As jaqueiras são mulheres grávidas, parideiras de mel”, em alusão à grande contribuição socioambiental dessa espécie vegetal.

Merece atenção das autoridades ambientais a imperiosa necessidade de se proteger essa riqueza natural, a jaqueira, diante de sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, conforme foi definido na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, Suécia, 1972:

“Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações.”

Em resumo, é a forma de desenvolvimento econômico sem esgotar os recursos para o futuro.


Francisco Paulo Brandão Chiacchio é Engenheiro Agrônomo, doutor em Agronomia, ex-diretor da Escola de Agronomia da UFBA, professor aposentado, ocupante de cargos de coordenação e assessoria em órgão públicos federal estadual e municipal, 05 livros publicados e 70 trabalhos técnicos.

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