Confira a coluna do editor do Portal Pereira News
Foto: Divulgação / Redes Sociais
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A falta de clareza sobre as atribuições específicas de cada cargo na administração pública, como exemplo: chefe de gabinete, secretário de Governo e secretário de Relações Institucionais, contribui para a percepção de que os limites entre essas funções são fluidos. Essa situação não é exclusiva da gestão atual, tendo sido observada, por exemplo, no governo do ex-prefeito Paulo Cézar com seu chefe de gabinete, Sidney Costa.
Os olhos dos personagens políticos e formadores de opinião voltaram-se para o GAPRE após o vereador Anderson Baqueiro ter abandonado, nesta terça-feira (5), a liderança do governo na Câmara Municipal, após ter um de seus aliados exonerado da gestão sem um comunicado prévio por parte do prefeito.
Baqueiro alegou ainda que "momentos sombrios" estão por vir na política alagoinhense e aconselhou Joaquim a não cometer os mesmo erros do ex-prefeito PC no final de 2016, após o pleito eleitoral.
A situação desconfortável relatada pelo parlamentar mostrou o que muitos já comentavam há muito tempo nos bastidores, mas nunca tiveram a coragem de falar publicamente. Muitos agora tentam atacar Queiroz, que de fato é quem tem essas prerrogativas, outorgadas com anuência do prefeito, inclusive para despachar e tomar decisões deliberativas, como nomeações e exonerações. O vereador Anderson falou em seu pronunciamento na Câmara que "decisões uníssonas realizadas por um secretário com 'superpoderes' não podem estar acima dos acordos feitos com o prefeito".
Porém, se pararmos para pensar, é muito mais fácil, nesse momento, atacar RQ do que entrar em conflito com Joaquim, que detém um poder muito maior e é o grande baluarte deste mecanismo instaurado. Tanto JN quanto RQ sabem disso. Logo, no momento em que Raimundo coloca suas costas para “receber as porradas”, blindando o prefeito, fortalece ainda mais sua confiança perante ao atual prefeito.
Em política, o que vemos nem sempre é o que realmente é, e esse tem sido meu maior aprendizado acompanhando o dia a dia do processo.
De acordo com fontes ligadas ao Portal Pereira News, as exonerações em massa no fim do mandato de Joaquim Neto estão sendo motivadas pela necessidade de ajustar as contas públicas e garantir a aprovação futura pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
O elevado volume de gastos, principalmente durante o ano eleitoral, exigiu medidas de contenção para assegurar a responsabilidade fiscal.
OS DESAFIOS DE GUSTAVO CARMO
A atual situação evidencia um desafio crucial para a futura gestão de Gustavo Carmo: encontrar um papel de destaque para Raimundo Queiroz.
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É importante ressaltar que Raimundo Queiroz foi cogitado como forte candidato à sucessão de Joaquim Neto, embora nunca tenha oficializado essa pretensão publicamente. Informações extraoficiais indicavam que o desejo inicial do prefeito era que seu fiel amigo fosse seu sucessor, seguindo o mesmo padrão de Sátiro Dias, em que fez de seu outro grande parceiro, Dr. Marcio Leão, o gestor da cidade. No entanto, o cenário político vigente em Alagoinhas e a conjuntura estadual impediu que esse desejo se concretizasse.
Em 2022, enquanto Joaquim Neto concentrava seus esforços na campanha de sua esposa, Ludmilla Fiscina, para deputada estadual, Gustavo (juntamente com seu primo Guilherme Carmo) já realizava suas articulações visando a eleição municipal de 2024. Não à toa, Gustavo (que estava como secretário de Educação) já se preparava em todos os sentidos, desde visualmente até em articulações, para conseguir ter capilaridade política e mostrar-se o mais preparado da base governista para o futuro do Município, enquanto Joaquim procrastinava a construção de um aliado para a subsequência da sua gestão.
Queiroz até então dizia nos bastidores que não tinha interesse em concorrer a um cargo eletivo, mas muitos amigos tentavam incentivá-lo a encarar esse desafio.
RQ nem sequer possuía uma rede social para mostrar seu dia a dia de trabalho. Mas, quando Raimundo resolveu mudar de ideia e se condicionar para a disputa, já era tarde. Quando ele “foi buscar os cajus”, Gustavo já estava "voltando com as castanhas”. Sabendo das dificuldades que iria enfrentar, Carmo profilaticamente antecipou a pré-campanha para conseguir condições favoráveis a ser o escolhido do grupo. Mérito dele, que conseguiu mostrar a sua habilidade e inteligência diferenciada.
A insistência de Joaquim Neto em um candidato pessoal poderia resultar em um desfecho semelhante ao de gestões anteriores, como a de Joseildo Ramos e Paulo Cézar, que não conseguiram eleger sucessores.
Poucas pessoas sabem, mas Raimundo Queiroz foi convidado (informalmente) para ser o candidato a vice-prefeito na chapa de oposição liderada por Paulo Cézar. Mas a lealdade de Queiroz a Joaquim impediu que o sonho dos opositores prosperasse.
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Como já foi dito em outras colunas do Portal Pereira News, Gustavo terá um grande desafio pela frente: incluir tantas pessoas de diversos grupos políticos dentro da Administração Municipal. Se hoje já não cabe um ‘alfinete’ dentro da máquina, imagine com a chegada de partidos como o PT e o PCdoB, que não fazem parte da gestão atual, mas irão reivindicar (merecidamente) espaços devido à contribuição dada durante o processo eleitoral que garantiu a vitória de 2024.
Nesta semana, ao se reunir com vereadores da base, Gustavo conseguiu resolver um problema que até então existia na Câmara, que era a disputa entre dois nomes de seu partido, PSD, para comandar a Presidência da Casa no próximo biênio (2025-2026), entre o atual presidente Cleto da Banana e o vereador Anderson Baqueiro. Mas, com sua capacidade, Gustavo conseguiu acalmar os ânimos ao prometer uma secretaria a Baqueiro e abrir caminho para a recondução de Cleto, assim evitando um bate-chapa. Além disso, GC cumpre sua promessa de subir dois suplentes do chapão para o mandato parlamentar. Edy da Saúde já está garantido. Resta saber quem será o próximo a assumir uma pasta do Executivo para a contemplação de Bebé do Riacho no Parlamento.
Muitas conciliações ainda serão mediadas pelo prefeito eleito Gustavo Carmo até tomar posse, e também depois, para conseguir governar em meio a tantos interesses e forças políticas em sua órbita, sedentas por espaços de poder.
Apesar de não ter sido o escolhido para a sucessão, Raimundo Queiroz conseguiu construir capital político nesses quase oito anos no coração do Governo.
Além de ser o braço de Joaquim mais próximo ao ‘povão’, devido a estar diariamente atendendo a população no gabinete e tendo poder suficiente para trazer resolutividade às demandas, conferidas inclusive pelo seu líder maior. Isso fez com que Queiroz tenha hoje uma legião de pessoas apaixonadas e gratas por ele. Além de ter indicações na gestão, Queiroz possui até bancada própria na Câmara de Vereadores, mas isso é tema para uma próxima coluna.
O que podemos dizer hoje é: caso um quadro como RQ não seja bem representado e valorizado na composição do iminente Governo, um forte nome junto com seus seguidores pode ser bem acolhido pelo campo opositor.
Por: Ícaro Pereira - Editor do Portal Pereira News


