O debate da 93FM, mais ligado ao programa Papo da Hora, em parceria com os sites de notícias Pereira News e Fala Alagoinhas News, realizado nesta quinta-feira, 03, com a presença apenas de Ednaldo Sacramento, do PSTU, e de Leandro Sanson, do partido Novo, revelou muitas facetas de nossa vida política. Chegamos ao esgotamento da fórmula adotada nos últimos 24 anos, tão bem criticada pelos dois candidatos participantes. Se, de fato, a população estivesse priorizando sair da mesmice, ambos estariam liderando as pesquisas. Mas o que ocorre é justamente o contrário.
O maior problema é que se identifica a precariedade dos serviços ofertados, mas não se define com precisão as causas ou as causas primeiras, para ser um pouco aristotélico. A causa apontada é a máquina inchada, pesada e ineficiente, que leva a um baixo nível de investimento: apenas 7% nos últimos sete anos para uma receita de R$ 3,1 bilhões, segundo Renato Almeida, ex-secretário de Fazenda do município. O problema é gravíssimo, mas mesmo Sanson e Ednaldo não conseguem transmitir ao público a situação dramática em que a cidade vive, e poucos se dão conta do abismo que nos suga.
Os três últimos prefeitos se reelegeram usando as obras realizadas pelos governos federal e estadual, e agora Gustavo Carmo dá continuidade ao truque. A pergunta central que deveria ser feita nesta eleição seria: como gastamos bilhões em recursos próprios sem investimentos relevantes e com serviços de baixa qualidade? O repasse de R$ 6 milhões por ano com o transporte público equivale a um hospital materno infantil a cada quatro anos, algo semelhante ao montante que acusam Paulo Cezar de ter desviado – corrupção e ineficiência são igualmente danosas. Precisamos, urgentemente, aprender a fazer contas.
Sanson e Ednaldo chegaram perto de desvendar esse enigma, mas precisavam de mais foco na causa primeira, além de números que retratassem esse desequilíbrio orçamentário. Partindo desse ponto e adicionando um diagnóstico de cada área, as propostas apresentadas ganhariam consistência. Sem isso, elas parecem soltas, fragmentadas, compartimentadas. Quando Ednaldo fala em fundir as secretarias de Educação, Cultura e Esportes, a ideia teria maior apelo se fosse estimado quanto se otimizaria o investimento nessas áreas, conectando essa discussão à escola em tempo integral, que tem tudo a ver.
O investimento que Sanson pretende fazer em incubadoras de empresas tecnológicas, no turismo cultural e ecológico – Alagoinhas pode ser uma bela cidade balneária – e na agricultura familiar, fomentando a agroindústria, como quer Ednaldo, tudo isso articulado e minimamente quantificado causaria um forte impacto na opinião pública. Quanto se economizaria com a telemedicina? E por que não cogitar o ensino em EAD na mesma linha? Claro que adotado no modelo semipresencial.
Faltou chegar à reta final, neste último debate, com um grande grito: chega! Mas esse grito ficou muito abafado na garganta desses dois candidatos que apresentaram as melhores propostas, junto com a atitude de botar o dedo na ferida. Por tudo isso, Sanson e Ednaldo são os dois vitoriosos deste pleito. Gustavo Carmo tem boas ideias e é igualmente competente, mas está comprometido demais, de fato, com a velha forma de fazer política. Paulo Cezar é uma incógnita, funcionaria bem se fizesse um pacto de sangue com o competente grupo de Paulo Azi. Pastor Lins e Catarino Pinto terão dez anos pela frente para explicar seus desempenhos pífios. Que Alagoinhas reflita sobre tudo isso, pois não estamos indo em boa direção.
Por: Paulo Dias - Colunista do Portal Pereira News
