E na hora de partir o bolo? – Por Ícaro Pereira

O editor-chefe do Pereira News trouxe uma análise acerca dos desafios que o futuro prefeito de Alagoinhas enfrentará na formação de sua equipe de governo

Foto: Divulgação / Redes Sociais

Em uma festa de aniversário infantil, o momento de maior expectativa da criançada é na hora de partir o bolo. 
No jogo político não é diferente quando o assunto é divisão de cargos entre as mais diversas pastas e mais variados escalões logo após o resultado eleitoral. Entretanto, muitas vezes esse bolo é muito pequeno para a quantidade de pessoas que estão famintas, e assim como na brincadeira chamada 'dança das cadeiras', um indivíduo ficará de fora e consequentemente permanecerá com fome.

Nicolau Maquiavel, renomado filósofo renascentista italiano e autor da obra 'O Príncipe', cunhou a célebre frase 'os fins justificam os meios'. Um dos maiores pensadores políticos da história da humanidade, possui um legado que continua a influenciar os estudos acadêmicos até hoje.
Maquiavel defende que, para alcançar o poder e mantê-lo, qualquer ação é válida, desde que seja eficaz.
E trazendo o ensinamento maquiavélico para nossa realidade eleitoral em Alagoinhas, podemos entender que, para ter acesso a esse bolo, tudo está sendo feito. Tanto pelos líderes políticos quanto pelo seu time de apoiadores. 

Dançar, mentir, ridicularizar-se, ameaçar, abrir mão do convívio familiar, humilhar, difamar, se corromper. Essas são apenas algumas das inúmeras atitudes que estão sendo feitas por determinados candidatos para alcançar a cobiçada e obsessiva vitória eleitoral, que para muitos significa a sobrevivência material neste plano terrestre.
Mas após o resultado, quais serão os desafios do prefeito eleito no dia 6 de outubro?

A REALIDADE

Sem sombra de dúvidas, a ‘dor de cabeça’ que o futuro gestor terá para a montagem de seu vindouro governo é uma situação que qualquer um dos seis postulantes gostaria de passar, visto que somente quem ganha que tem esse privilégio. Aconteça o que acontecer, já estará sentado no trono com a poderosa caneta na mão.

É quase uma lei da natureza: quem se envolve na política, possui um interesse por trás.
Aquele seu amigo(a) que dorme e acorda falando sobre um determinado candidato, que participa de todos os eventos e faz milhares de posts a respeito daquele postulante como se fosse o ‘Chapolin Colorado’ que resolverá todos os problemas enfrentados pelo município, na verdade essa pessoa não está preocupada com o bem comum do povo de Alagoinhas, por mais que ela verbalize.

Sei que essa afirmação incomodará muita gente, mas esta é a realidade crua e dura. A política sempre foi e sempre será um jogo de interesses.
Seja por uma oportunidade de trabalho, por uma promessa, por um favor ou por alguma benesse oriunda da máquina pública, essa sedência pela vitória não tem como ser traduzida em preocupação por uma coletividade, que clama por melhorias gerenciais em um município repleto de potencialidades e que teria de tudo para ser uma cidade-modelo para todo o Brasil.

COMPOSIÇÕES

Evidentemente, possuir o maior grupo dentre as seis candidaturas à Prefeitura de Alagoinhas, a chapa governista liderada pelo candidato Gustavo Carmo (PSD) é a que terá o maior número de compromissos a serem cumpridos.
A coligação 'Unidos por Alagoinhas' possui nove partidos de apoio; 14 dos 17 vereadores apoiando; mais de 50 candidatos a vereadores a mais do que todos os seus adversários juntos, fora as debandadas de antigos apoiadores dos seus opositores que integraram seu projeto durante o meio do caminho.


O atual governo do prefeito Joaquim Neto já é bastante denso e volumoso na questão de quantitativo de pessoas. Toda a sua estrutura está empenhada em eleger Gustavo Carmo como sucessor. Mas será que o cargo de cada uma dessas pessoas estará intacto? Certamente ninguém quer retroceder de nível e muito menos ficar de fora.

Mas a principal pergunta é: quais espaços serão ocupados pelo Partido dos Trabalhadores?

De forma inédita, o partido liderado municipalmente pelo deputado federal Joseildo Ramos, não abriu mão da cabeça de chapa à toa. Esta sigla do presidente da República, do senador Jaques Wagner e do governador Jerônimo Rodrigues seguramente batalhará pela ocupação de espaços importantes e influentes dentro do eventual governo, assim como hoje já está participando da construção política desta união e assume coordenações relevantes da campanha. 

Imagine dois ônibus lotados: um quebra e todos os seus passageiros precisam se transferir para o outro. É assim que vejo a junção desses grandes grupos políticos. Não haverá espaço para todos, e o conforto será comprometido.
Essa coalizão política lembra a história da 'multiplicação dos pães', mas ao contrário. Dividir os cargos será um desafio muito maior do que alimentar uma multidão. O aumento do número de secretarias é apenas um indicativo desse problema, mas esse assunto deixaremos para outra ocasião.

Outro que terá dificuldade na montagem da eventual equipe é o ex-prefeito Paulo Cézar (União Brasil). Mas você deve estar se perguntando: “Mas o grupo de PC não é bem menor?”

A ‘olho nu’ sim, por possuir apenas quatro partidos na coligação e apenas três vereadores de mandato.

Com um secretariado muito mais previsível de ser montado, como por exemplo, Fabrício faro na Educação; Renato Almeida na Fazenda e Sidney Costa no Gabinete, o grupo de Paulo, em caso de vitória, necessitará fazer muitos acordos com o Legislativo (hoje dominado por Joaquim e Gustavo), caso queira que seus projetos sejam aprovados.
Um Executivo que não dialoga com o Parlamento (que na prática são acordos), fica empacado como um jumento. A cidade acaba não andando.
Então, por conta disso, será necessário uma mudança no olhar da futura legislatura da Câmara com o ex-prefeito em relação à atual. Isso tudo levando em conta que, o grupo hoje liderado por GC ocupe o maior número de cadeiras, que é o prognóstico unânime dos que acompanham a política local.

Ninguém sabe também quantos cargos ACM Neto, Paulo Azi e companhia ltda. exigirão como ‘pagamento de apoio’ já projetando dividendos político-eleitorais para a eleição de 2026. É um jogo muito mais complexo do que parece.

Não podemos esquecer também que presidentes de partido e candidatos a vereador que perderam a eleição acabam ocupando ou indicando cargos para a administração pública.
Certamente que com uma vitória de Paulo, muitos do atual governo pulariam (de volta) para o grupo, por questões de fisiologismo político. 

O candidato do partido Novo, Leandro Sanson, que possui uma essência liberal e que já anunciou uma redução drástica no tamanho da máquina municipal alagoinhense, teria grandes dificuldades para montar sua equipe, caso utilizasse o mesmo mecanismo que os dois últimos candidatos citados. Não pela quantidade de pessoas para dividir o bolo, mas pelo contrário. A falta de pessoas para comer o bolo.
O que eu quero dizer com isso: que pelo número de adeptos do Novo na cidade, não haveria pessoas suficientes para assumir todos os cargos públicos.

Entretanto, o candidato já deixou claro que, assim como ocorre em empresas privadas, no seu governo seriam feitos processos seletivos para certificar a condição técnica do indivíduo para assumir funções que exigem o mínimo de qualificação.
Isso de certa forma abriria a possibilidade para que pessoas de fora do Município fizessem da gestão, mas evidentemente, teriam que se adequar à visão do projeto da conjuntura.

O candidato do partido revolucionário PSTU, Ednaldo Sacramento, traz uma concepção completamente diferente quando o assunto é construção governamental.
Com uma visão de estatização e primeirização no serviço público, longe dos interesses privados, o candidato defende dois pilares em seu governo:
A realização de concursos públicos para todos os setores e a efetivação dos conselhos populares, formados por representações da sociedade civil. 

O pensamento de Ednaldo é muito confusa para uns e muito bonita para outros. Se dependesse somente do próprio grupo para fazer indicações, certamente haveria escassez de pessoal.
Pela distancia desta visão para o nosso sistema brasileiro estabelecido, torna-se um exercício bastante desafiador imaginar essa formulação na prática nos dias atuais.

Sobre as candidaturas de Catarino Pinto (PSOL) e Pastor Lins (PL) não comentarei, até mesmo pela falta de elementos apresentados durante todo o pleito eletivo. 

Esse assunto não irá terminar por aqui. Em breve retornarei trazendo mais projeções e análises do que está por vir em nosso futuro próximo em Alagoinhas.


Por: Ícaro Pereira - Editor do Portal Pereira News




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