Mas uma questão tem me preocupado bastante: após a divulgação do resultado eleitoral de Alagoinhas, na noite do decisivo dia 6 de outubro, o que farão os derrotados nas urnas? Irão aceitar o resultado? Vão alegar que foram roubados?
É sobre isso que precisamos discutir impreterivelmente, para que não desmanchemos o brilho de um momento tão simbólico, que é a celebração da democracia, tão difícil de ser conquistada em nossa nação.
CONTEXTO
Antes de mais nada, precisamos lembrar o que aconteceu no último processo eleitoral de Alagoinhas, em 2020. Com um resultado apertadíssimo de apenas 1.253 votos de diferença entre Joaquim Neto (PSD) e Paulo Cézar (DEM), todas as pesquisas apontavam vitória do segundo colocado. Mas, para a surpresa de muitos, o médico, filho da professora Emília, acabou levando a melhor e conquistou a reeleição. Coube ao “Original” atribuir a derrota eleitoral a diversos fatores, mas o principal, segundo ele, foi o suposto desligamento da rede de energia elétrica de uma determinada instituição de ensino superior do município, de forma orquestrada pela atual gestão. Até hoje esse caso é lembrado e relembrado pelo ex-prefeito quando questionado sobre o motivo daquela não-vitória.
Inclusive, neste ano de 2024, uma grande força-tarefa está sendo montada pela Justiça Eleitoral, em parceria com as forças de segurança pública, para coibir práticas que favoreçam ou prejudiquem candidatos.
Fontes ligadas ao Portal Pereira News informam que coordenações de campanha de candidatos a prefeito de Alagoinhas já discutem medidas a serem adotadas no dia 6 de outubro, com o intuito de impedir ou registrar fraudes e outros tipos de ações de adversários políticos que visem se beneficiar ilicitamente neste pleito. O cenário mostra um município completamente polarizado e dividido, onde muitas interrogações e preocupações surgem na cabeça da população quanto ao iminente resultado. Mesmo assim, os candidatos são “proibidos” de demonstrar esses sentimentos ao público, para não aparentarem fraqueza.
A verdade é que, diferentemente da capital Salvador, onde todos já sabem quem vencerá a eleição, em Alagoinhas a dúvida ainda paira no ar.
TORCIDAS POLÍTICAS
Também conhecido como o “país do futebol” por possuir 5 títulos de Copa do Mundo, o futebol é o principal esporte praticado em nossa nação e já faz parte da nossa cultura há muitos anos. A grande maioria da população tem um time do coração. Clubes possuem suas próprias torcidas organizadas, que fazem grandes festas nos estádios, como a tradicional “Bamor” do Bahia, “Os Imbatíveis” do Vitória, “Gaviões da Fiel” do Corinthians e “Mancha Verde” do Palmeiras.
Na política, o que visualizamos na eleição de Alagoinhas são verdadeiras “torcidas organizadas” associadas a determinados grupos e figuras partidárias, que reproduzem discursos e práticas similares, seja nas ruas, esquinas, redes sociais ou grupos de WhatsApp. Porém, o que menos se discute nesses ambientes são políticas públicas efetivas que tragam soluções reais para os problemas de Alagoinhas.
Dia e noite, grupos de WhatsApp locais recebem milhares de mensagens, áudios, imagens e vídeos de apoiadores que somente almejam vangloriar seu candidato e depreciar o adversário. Para isso, não existem limites: fake news, difamações, calúnias e críticas à vida pessoal. Tudo é “permitido” nesses espaços que, aparentemente, se tornaram uma “terra de ninguém”. Embora já existam resoluções jurídicas que responsabilizam aqueles que cometem crimes em meios digitais, isso não parece intimidar esses indivíduos.
Um termo foi criado no dicionário informal: “pelanqueiro”. Mas afinal, o que significa isso?
“Pelanqueiro” é nada mais que um indivíduo aparentemente desocupado, que passa o dia inteiro defendendo seu “político de estimação” como se fosse uma divindade, acima do bem e do mal. Ao mesmo tempo, trata seus concorrentes como inimigos mortais. Aconteça o que acontecer, o pelanqueiro sempre defenderá seu líder, independentemente do que ele faça, como um advogado sem OAB. E qualquer coisa que o adversário faça, jamais será passível de elogio.
Muitos desses pelanqueiros possuem cargos comissionados ou recebem benefícios de suas lideranças. Para manter seus proventos, necessitam da continuidade dos governos de seus mandatários. O pior cenário para eles é ficar fora do poder. Esses indivíduos são os que mais ameaçam o equilíbrio, a cordialidade e a ordem social durante e após o processo eleitoral.
CONSEQUÊNCIAS
Embora os políticos e seus apoiadores afirmem que tudo que fazem é pensando “no bem da coletividade de Alagoinhas”, os discursos não correspondem às ações. O interesse pessoal acaba vindo em primeiro lugar. Assim é o ser humano. Diversos filósofos, historiadores e especialistas em comportamento já afirmaram que, ao longo da história, somos movidos, primeiramente, por causas individuais.
Em um cenário eleitoral completamente indefinido em um dos maiores municípios da Bahia, é natural que múltiplos interesses estejam em jogo. Governador, senadores, deputados e outras lideranças estão atentos a este pleito.
Seja qual for o resultado da eleição para prefeito de Alagoinhas, um dos lados sairá arrasado, como em uma final de Copa do Mundo, onde um lado comemora e o outro chora.
Caso o vencedor seja Gustavo Carmo (PSD), o que será do futuro político de Paulo Cézar (UB), que está afastado do poder desde 2016? E se o vencedor for Paulo, como o grupo de Joaquim, juntamente com o PT, explicará uma derrota, sendo um grupo tão grande e influente? Haverá uma debandada de apoiadores?
Está claro que o lado derrotado enfrentará um duro período de luto, mas o mais preocupante é a possibilidade de descredibilização do resultado, gerando instabilidade para o futuro governo.
CONCLUSÃO
A democracia brasileira ainda é jovem, comparada a outras nações. Foi árduo alcançar o sufrágio que possuímos hoje, e ainda há muito a se conquistar para nos tornarmos uma referência em civilização democrática.
Um verdadeiro democrata respeita a justiça eleitoral e compreende o resultado. Após um pleito, desfazem-se os palanques, e uma nova gestão se estabelece. Com quatro anos, haverá outra oportunidade, com mais maturidade. Ser oposição não é ruim, mas sim uma forma de fiscalizar o Executivo. Oposições propositivas sempre serão benéficas.
Espero que você, leitor, vote de forma consciente no dia 6 de outubro e, independentemente do resultado, contribua para uma Alagoinhas próspera.
“Derrotado não é aquele que cai, mas sim aquele que desiste de se levantar.” – Autor desconhecido.
Por: Ícaro Pereira - Editor-chefe do Portal Pereira News

Parabéns por mais uma matéria esclarecedora e dentro da realidade. Só achei falta de uma outra hipótese que apesar de ser em menor probabilidade, pode acontecer também. O partido NOVO historicamente onde possui gestor eleito, saiu da condição de "sem chance" para ganhar o pleito e surpreender a todos. Prof. Leandro Sanson ainda pode ser a surpresa boa que Alagoinhas merece pra aposentar esses velhos grupos políticos da cidade.
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