Mais uma vez estou por aqui para discutir e refletir a respeito desta longa, melindrosa e complexa eleição. Mas hoje, iremos levantar um tema tão crítico, sensível e enraizado em nossa sociedade, que tem sido, inclusive, recorrente no pleito eleitoral deste ano em Alagoinhas, mais precisamente com o candidato a prefeito Leandro Sanson (Partido NOVO). Estou falando da xenofobia.
Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, a palavra xenofobia provém do conceito grego composto por *xenos* (“estrangeiro”) e *phóbos* (“medo”). A xenofobia faz, deste modo, referência ao ódio, receio, hostilidade e rejeição em relação aos estrangeiros. A palavra também é frequentemente utilizada em sentido lato como a fobia em relação a grupos étnicos diferentes ou face a pessoas cuja caracterização social, cultural e política se desconhece.
Para que você, leitor do Portal Pereira News, possa se inteirar melhor do que ocorre, é necessário, primeiramente, conhecer a história de vida do candidato Sanson.
História
Leandro Carvalho Sanson é professor e advogado, possui 44 anos de idade e nasceu no município de Cachoeira do Sul, no estado do Rio Grande do Sul. Há 13 anos, ele se mudou para a cidade de Alagoinhas por questões laborais, tendo recebido o título de cidadão alagoinhense no ano de 2022.
Atualmente, atua como coordenador do curso de Direito da Faculdade Santíssimo Sacramento, além de ter um escritório de advocacia.
Durante todos esses anos trabalhando em Alagoinhas, algo o incomodava: a falta de prestação de serviços do poder público aos cidadãos em uma cidade dominada por velhas oligarquias que comandam a política há anos.
Essa inquietação, ressentida pelo jovem gaúcho por muito tempo, se manteve latente até o momento em que decidiu ingressar no Partido Novo. Liberal por natureza, Sanson sempre acreditou em uma condução política mais eficiente, baseada na quebra de privilégios e na redução do inchaço da máquina pública, tendo a gestão do estado de Minas Gerais, liderada por Romeu Zema, como um 'case' de sucesso.
Mas, desde que tomou a iniciativa e a coragem de colocar a cara a tapa, várias pedras apareceram no itinerário de Leandro, a primeira delas chamada "Domingos Pereira".
Até então, quem dominava a sigla laranja no município era o empresário do ramo de delicatessen Domingos, mas, em decorrência de sua postura centralizadora e singular, o diretório estadual entendeu que se fazia necessário um novo nome para dar mais projeção, amplitude e pluralidade ao partido no município, que estava bastante desorganizado, por sinal. A partir da saída descontente de Domingos da sigla, muitas teorias conspiratórias e ataques foram proferidos contra Leandro, sendo ele chamado muitas vezes de "forasteiro" e "cria de Paulo Azi".
Apesar de Domingos ter chamado o professor dessa forma, curiosamente ele também não é baiano, nem tampouco alagoinhense, tendo nascido em Anadia, no estado de Alagoas. Essa situação evidencia que, assim como o racismo, a xenofobia está estruturalmente impregnada e enraizada em nossa cultura e sociedade. E esta eleição está mostrando isso; só não vê quem não quer.
Incômodos
Com o partido disputando pela primeira vez uma eleição em Alagoinhas, sem fundo partidário, sem deputados apoiando, sem tempo de rádio e sem direito de participar de alguns debates, o professor Leandro Sanson tem conseguido surpreender nesta eleição, aparecendo na 3ª colocação nas pesquisas.
Não é segredo para ninguém que o advogado liberal disputa este certame com mais cinco candidatos, tendo como principais concorrentes dois fortíssimos adversários: Gustavo Carmo (PSD) e Paulo Cézar (UNIÃO), que representam partidos mais poderosos e grupos mais hegemônicos e tradicionais da política alagoinhense.
Leandro se coloca como o "novo" e se posiciona como uma terceira via àqueles que buscam um rumo alternativo para o futuro de Alagoinhas e que estão cansados da forma tradicional de se fazer política. Entretanto, seu crescimento paulatino tem incomodado outras candidaturas. A principal pergunta que fazem é: a quem interessa essa candidatura do Novo? Quais são os interesses por trás? De quem o candidato tira mais votos?
Muitas pessoas de direita, liberais, anti-PT e anti-corrupção têm demonstrado simpatia por Sanson, num cenário em que muitos alegam que o professor não tem chance de vencer.
Para tentar "queimar" a imagem e a ficha do postulante do partido laranja, muitos eleitores de grupos oposicionistas atacam o candidato nas redes sociais e grupos de WhatsApp. Como ele não pode ser chamado de "ladrão" ou "corrupto", sua naturalidade tem sido o principal ponto explorado por aqueles que tentam descredibilizá-lo. Frases como "ele não conhece Alagoinhas" e "volte para sua terra" têm sido constantemente utilizadas por esses indivíduos.
Como defesa, Sanson lembrou, em muitas ocasiões, de casos históricos da política, como o do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, que é carioca. Lembrou também do prefeito de Salvador, Bruno Reis, que é pernambucano, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que também é carioca. Segundo Leandro, o que importa para ser um bom gestor público não é a origem de nascimento, mas sim as intenções, o compromisso, o preparo e a dedicação ao povo.
Esse contexto de xenofobia nos remete ao que tem ocorrido com bastante frequência no contexto político brasileiro, acentuado em 2014 com a reeleição da ex-presidenta Dilma Rousseff: o conflito entre Nordeste e Sul.
Devido à força e expressão que os nordestinos têm dado às vitórias eleitorais do Partido dos Trabalhadores nas eleições nacionais, houve insatisfação em setores da população sulista, o que gerou divisões entre brasileiros de diferentes regiões, inclusive alimentando discussões sobre movimentos separatistas. Assim, a xenofobia e a polarização se expandiram em nosso país continental, vasto e com uma grande diversidade étnica e cultural. Porém, muitos ainda não estão preparados para viver em meio a tantas diferenças. A eleição reflete a sociedade, e não é uma ilha isolada; logo, todas as questões sociais, em algum momento, podem ganhar destaque.
Até então, Leandro tem sido muito respeitado por seus principais adversários e não tem sido alvo de ataques diretos deles, apesar de sempre apontar falhas nas gestões municipais anteriores. Contudo, são justamente os "apaixonados" por "políticos de estimação" que executam essas ações ofensivas. O caso mais emblemático ocorreu no primeiro debate entre os candidatos, promovido pela Ordem dos Ministros Evangélicos de Alagoinhas, no qual o mediador interrompeu o evento para pedir respeito, consciência e sensibilidade a alguns internautas que acompanhavam a transmissão online e proferiram comentários xenofóbicos e caluniosos contra o candidato do Novo, que fazia duras críticas ao atual governo municipal.
Em contato com a redação do Portal Pereira News, o candidato Sanson alegou que não pretende lutar judicialmente contra essas pessoas neste momento. "Me entristece perceber que ainda existem pessoas preconceituosas em nossa sociedade, que julgam os outros pela sua origem, cor, credo, condição social, etc.", enfatizou o candidato.
Sanson afirmou ainda que isso só mostra o crescimento constante do projeto do qual faz parte, e que ele permanecerá focado e engajado nessa missão, que visa a liberdade e o desenvolvimento real de Alagoinhas. "Um fator que me motiva a continuar lutando por uma sociedade mais inclusiva e justa é demonstrar que esses preconceitos são frutos de práticas políticas rasteiras e ultrapassadas", concluiu o professor.
*Considerações importantes!
Sei que, neste momento, alguns leitores poderão alegar ilações e inclinações em relação a este artigo.
Gostaria de reiterar que este texto não tem a intenção de apoiar, promover ou exaltar o nome do respectivo candidato, mas sim despertar uma discussão mais aprofundada acerca das particularidades e problemáticas presentes no processo eleitoral de Alagoinhas em 2024.
O Portal Pereira News reforça seu compromisso, enquanto veículo de comunicação, em oferecer equidade, transparência e imparcialidade diante dos fatos, assegurando que TODAS as candidaturas e candidatos terão espaço concedido, sempre prezando pela verdade, por meio de apuração profissional e isenta.
Por: Ícaro Pereira - Editor do Portal Pereira News
Excelente artigo! As pessoas acham que pra ser um excelente candidato tem ser alguém da própria terra, como se isso dissesse sobre o caráter de alguém, sou de Alagoinhas, nasci aqui e apoio Sanson pois pra mim ele é o melhor e mais honesto! O incrível é que essas pessoas que fizeram ataques xenófobicos a ele são as mesmas que pedem respeito, amor e se dizem apoiar a diversidade! Se fosse um candidato baiano sofrendo esse mesmo preconceito por parte dos sulistas no Sul, aí essa mesma galera hipócrita estaria achando ruim e falando de xenofobia, mas claro, como o Leandro Sanson é de direita, aí esses ataques são permitidos, mas como é de esquerda, não pode, é o famoso ódio de bem, enfim, essa é a verdade...
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