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| João Henrique Paolilo |
O apoio a projetos e eventos de pequena monta não ajuda no desenvolvimento da política cultural e esportiva de uma cidade com tradição e história.
Alagoinhas é uma cidade de 171 anos, com uma longa trajetória para contar. Ao longo desse tempo, muita coisa aconteceu, mas também muita coisa deixou de acontecer. Ainda assim, isso não impediu seu crescimento nem sua vocação de liderança no Litoral Norte e no Agreste baiano.
Dentre os setores que não estão recebendo a devida atenção e investimento do poder público, destaca-se a cultura. Apesar do empenho de alguns agentes dedicados à causa, a verdade é que a cultura continua relegada a um plano secundário, sem verba, sem projetos e sem programas que realcem essa vocação natural do município.
É claro que o esporte é importante, mas os olhares oficiais se voltam apenas para eventos esporádicos, oferecendo ajuda relativa, geralmente na forma de troféus e medalhas.
O turismo, por sua vez, existe apenas na nomenclatura da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), sem nenhuma ação concreta que justifique a pequena e acanhada estrutura atual. No entanto, a cidade tem uma rica história que poderia fundamentar a criação de uma estrutura turística, por mais modesta que fosse.
Já a cultura é um caso à parte. Alagoinhas tem tudo para se destacar nesse setor. A cidade conta com grandes talentos literários, artistas plásticos, produtores culturais e professores universitários que trabalham ativamente nessa área. Além do vasto potencial humano, entidades importantes ajudam a coordenar e preservar essa vocação natural, como a Casa do Poeta de Alagoinhas (CASPAL) e a Academia de Letras e Artes de Alagoinhas (ALADA), lideradas por Luana Cardoso e João Lopes, respectivamente.
O atual secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo, João Henrique Paolilo, deve voltar sua atenção para essa deficiência. É necessário reformular a SECET com base na tradição cultural e histórica da cidade, considerando que Alagoinhas não dispõe sequer de um museu municipal. Essa lacuna é parcialmente preenchida pela FIGAM, uma fundação privada inspirada pela historiadora Iraci Gama, e pelo Memorial do Legislativo, criado pela Câmara Municipal em 20 de julho de 2023, na gestão do vereador Cleto da Banana.
A cidade precisa criar seu próprio museu e preservar sua memória. Essa necessidade pode ser atendida com a transformação da FIGAM em um órgão municipal, com a ampliação do Memorial do Legislativo ou, idealmente, com ambas as medidas.
Nesse sentido, o secretário João Henrique Paolilo pode se aproximar das forças culturais e produtivas da cidade para liderar um movimento nessa direção, sensibilizando o prefeito Gustavo Carmo e reivindicando recursos orçamentários para esse fim.
Além disso, a implementação de um roteiro turístico poderia gerar receitas para financiar atividades e impulsionar o crescimento dos setores de cultura e turismo.
Enfim, já passou da hora de despertarmos e revertermos a ausência do poder público nessa área vital. Nenhuma comunidade consegue se manter viva sem preservar e divulgar sua memória e sua história.
Belmiro Deusdete é radialista e jornalista em Alagoinhas (BA).