O jornalista e colunista Paulo Dias fez uma síntese dos pormenores que circundam o atual contexto político-eleitoral do Município de Alagoinhas
Considerando 6 de agosto como o dia oficial de início da campanha política visando as próximas eleições, nota-se um deserto de ideias. Contraditoriamente, há uma avidez por debater as propostas e ideias de Gustavo Carmo e, do outro lado, Paulo Cezar sem nenhum apreço pelo debate. Os gustavistas aproveitam para colocar a pecha de despreparado em PC. Ele de fato não é nenhum intelectual, longe disso; provavelmente seja verdade que não tenha capacidade projetiva, mas, na Prefeitura, soube ouvir sua boa equipe técnica, não há queixas nesse quesito. Seu erro está ligado a desvio de verbas, coisa da qual o PT entende bem, os palanques estão empatados nesse aspecto.Se as propostas são tão importantes a ponto de provocar furor por debates, elas deveriam vir em primeiro lugar, mas não, o que se vê são as caminhadas. Vão-se passar 40 dias com o povo subindo e descendo atrás de um trio, muitos tomando um goró. Ora, se as propostas são tão importantes, deveria-se começar por elas, mas elas sumiram. Interessante como as pessoas resolvem aposentar as velhas tecnologias quando surge uma nova. Toda campanha deveria ter um site para expor assuntos mais sérios – como as propostas detalhadas. Tudo agora é Instagram e zap e textos miúdos, que, óbvio, não dizem nada.
Já que Gustavo tem propostas, e tem mesmo, ele deveria apresentar os resultados do Falaê, consulta popular para a realização do plano de governo, leia-se, propostas. Ou o Falaê prossegue campanha adentro? Interessante é notar que Lula ganhou a eleição com uma única proposta – picanha – e tinha recém-saído da cadeia. O problema aqui em Alagoinhas é a popularidade de PC, que fica na casa dos 30%, mas, segundo a Séculos, está com 37,98% contra 27,09% de Gustavo. A pesquisa é do início da segunda quinzena de julho, certo, e que há outra mais atual, a Foco, que dá empate técnico, errado. Afirmar isto com uma margem de erro de quase 5% é impossível.
A popularidade de Paulo assusta, principalmente diante da rejeição de Joaquim Neto e do PT. Mas, voltando, onde estão as propostas? O Falaê tem um erro de origem, se baseia nos programas participativos do PT, que sempre arrastaram um número insignificante e não representativo de moradores. Os governantes também lançaram mão deste expediente – conferências etc. –, retirando demandas genéricas e depois decidindo o específico de forma mais centralizadora e autoritária possível. Exemplo é o Pé-de-meia, a reivindicação era no sentido de conter a evasão escolar. Criaram um programa que não vai resolver o problema, pode-se caracterizar como mais uma compra antecipada porém legal de votos, tirando verbas do Bolsa Família, que foi reduzido e que não terá reajuste tão cedo, e gerando déficit orçamentário, que traz instabilidade econômica.
Os únicos que apresentaram propostas com uma certa sistematização foram Leandro Sanson, do partido Novo, e Ednaldo Sacramento, do PSTU. As de Sanson, liberalizantes, e as de Ednaldo, estatizantes. As sabatinas talvez sejam a melhor forma de expor ideias, mas precisam de mais de uma hora de duração. O programa inteiro, geralmente de duas horas, deve ser destinado a isso, que tanto influi na vida de todos, nada demais dedicar-lhes esse tempo. Outra contradição é o político gostar de debates, mas não gostar nadinha de críticas da imprensa. Se você é democrático de verdade, tem que gostar de críticas, não fazer como a 'pseudoesquerda' que manda seus amigos lhe censurar. E ainda existem aqueles que vão à justiça derrubar decisões do Congresso. Lembrando que Luma Menezes mostrou agora as péssimas condições da creche São José Operário, tudo é muito surreal mesmo ou, para ficar no sul global, um realismo fantástico, tipo Gabriel Garcia Márquez.
Por: Paulo Dias - Colunista no Portal Pereira News
