ANCELOTTI PRONTO PARA COMANDAR SELEÇÃO ESTRANGEIRADA - Por Belmiro Deusdete

O mais festejado treinador europeu pode encerrar novo jejum de 24 anos

No preparo para mais uma Copa do Mundo, a 23ª da sua história futebolística, a Seleção Brasileira restabelece a confiança na recuperação do seu prestígio, local e internacional, com a contratação  do icônico treinador Carlo Ancelotti, estrela e colecionador de títulos mundiais, referência do vitorioso futebol europeu.

Não será a primeira vez que um técnico estrangeiro vai dirigir a canarinha, o que  já aconteceu em duas oportunidades.

Na  primeira vez, em 1944, quando o português Jorge Gomes de Lima, o Joreca, em dois amistosos contra o Uruguai, em 1944, dividiu a direção com Flávio Costa, e venceu duas partidas amistosas com o Uruguai com goleadas de  6 x 1 e 4 x 1.

Na segunda, em 1965, o argentino Filpo Nuñez inaugurou o Estádio Mineirão,  com o time do Palmeiras vestindo o uniforme da Seleção e vencendo o Uruguai por 3 x 0.

Aliás, o Filpo Nuñez veio para o Brasil em 1955 e aqui permaneceu até 1999 quando faleceu em São Paulo, depois de treinar dezenas de clubes, dentre eles o Galícia, de Salvador,  sendo vice campeão em 1968, e a Catuense, de Alagoinhas, onde ficou apenas um mês, em 1982.

O italiano Carlo Ancelotti chega ao país em plena convulsão no comando diretivo da CBF, com o afastamento do baiano Ednaldo Rodrigues e a eleição do roraimense Samir Xaud, além da campanha irregular que a seleção vem fazendo nas eliminatórias da próxima Copa do Mundo, estacionado na quarta colocação.

Nos seis primeiros jogos disputados no anos de 2023 sob o comando de Fernando Diniz, a canarinha foi derrotada em quatro oportunidades, por Peru, Uruguai, Colômbia e Argentina, empatou com a Venezuela e chegou a empolgar ao torcedor na goleada de  5 x 1 que aplicou na Bolívia, no primeiro teste do Diniz.

Nos oito jogos posteriores, dirigidos por Dorival Junior no ano passado,  a situação até que melhorou com as vitórias sobre Equador, Chile, Peru e Colômbia, o empate com o Uruguai, até mesmo a derrota por placar mínimo ante o Paraguai, porém a goleada de 4 x 1 imposta pela Argentina foi determinante para o afastamento do  Dorival.

É bem verdade que o futebol evoluiu muito, principalmente na Europa, nos deixando para trás.

O Brasil tinha o conceito de melhor futebol do mundo e nas três copas conquistadas, em 1958, 1962 e 1970, formava suas seleções com jogadores que atuavam em nosso território.

Não foi atoa que o Pelé transformou-se no melhor jogador do mundo, Rei do Futebol!

No quarto título conquistado, em 1994, encerrando um jejum de vinte e quatro anos, metade do plantel era composto por jogadores que já atuavam em equipes do exterior.

O mesmo se deu em 2002,  na conquista do penta, com dez jogadores “estrangeiros” entre os vinte e três que estiveram no Japão e na Coréia do Sul.

Nesta nova era Ancelotti, nada menos que dezoito jogadores “estrangeiros” foram convocados, sendo a lista completada por sete que atuam no Brasil,  cinco do Flamengo, um do Corinthians e outro do Palmeiras.

Esta lista nos dá a ideia da completa concepção europeia que teremos na próxima formação da seleção canarinha.

Na verdade, deveremos ter uma seleção descaracterizada da realidade esportiva que vivemos, amoldada ao modelo que impera na Europa, que mudou completamente o cenário futebolístico e angariou as atenções dos amantes do esporte da bola, principalmente dos mais jovens.

Nada mais justo que assim seja, afinal, se temos jogadores que atuam em outros mercados, com outra filosofia de jogo e táticas mais modernas e eficazes,  também deveremos ter um comandante que domine esta nova realidade, como é o caso do vitorioso treinador Carlo Ancelotti.

Diante da carreira de sucesso do novo treinador, recordista de conquistas, é de se esperar que venha o hexa, se deixarem o homem trabalhar, alheio aos interesses de dirigentes e empresários que dominam a CBF desde os tempos primórdios.

Está na hora de quebrar novo jejum de 24 anos!


Belmiro Deusdete é radialista e jornalista em Alagoinhas-BA.

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