No último domingo, 5 de maio de 2025, testemunhamos um marco histórico e simbólico para as comunidades da região do Estevão, em Alagoinhas: a realização de uma missa campal em ação de graças pelo ressurgimento da nascente do Rio Calu/Estevão, que voltou a jorrar água após quase duas décadas de seca.
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Foto: Divulgação |
Foram 17 anos de silêncio, poeira e luta. Um tempo marcado por ausência de políticas públicas eficazes, agressões ambientais provocadas pelo avanço desenfreado dos areais, especulação imobiliária e empreendimentos que ignoraram completamente a sustentabilidade e os direitos das comunidades tradicionais.
Mas, a água voltou a correr — e com ela, também correu a esperança.
A celebração, presidida pelo Padre Pedro Miquel, foi marcada por emoção, fé e profunda devoção. A comunidade se reuniu para agradecer e, ao mesmo tempo, renovar seu compromisso com a defesa da vida e do meio ambiente.
Um nome foi lembrado com carinho e reverência por todos: Chico da Calu, o “Velho Chico”. Seu papel foi fundamental. Homem simples, de fala firme e coração inquieto, ele jamais se curvou diante do abandono e da destruição. Sua persistência se tornou símbolo da resistência de um povo inteiro.
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Foto: Divulgação |
Para Adelson Filho "O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar de Alagoinhas-SINTRAF que ao longo dos anos ofereceu “régua e compasso” a essa luta, reafirma seu papel como timoneiro da defesa ambiental e das comunidades Rurais. Ao lado de lideranças, entidades, associações e moradores, segue firme na missão de proteger nossos rios, matas, nascentes e vidas"
Foram muitas as comunidades envolvidas e merecem ser citadas: Calu, Estevão, Papagaio I e II, Saco da Lagoa, Vila São João, Santo Antônio, Quiricó e Boa Esperança. As caravanas vindas de Boa União, Rio Branco, Quizambu e outras localidades também marcaram presença com entusiasmo e solidariedade.
O ressurgimento do Rio Calu/Estevão precisa servir de alerta às autoridades. Alagoinhas, cidade fundada sobre a abundância das águas, hoje vê seus lagos, lagoas, rios e riachos secarem ou se tornarem esgotos a céu aberto. A omissão do poder público tem sido cruel. Os rios agonizam, e o que resta é o clamor de um povo que não aceita o colapso ambiental como destino.
Que o renascimento dessa nascente seja também o renascimento da consciência ambiental em nosso município. Que essa água, que brota novamente da terra, lave a negligência e regue a esperança de um futuro sustentável.
Porque defender o meio ambiente é defender a vida. E essa é uma luta que não admite descanso.
Foto: Divulgação |