A importância ecológica, social e econômica da jaqueira e os impactos da exploração predatória
Foto: Serraria Margem BR-101 |
A jaqueira ou pé-de-jaca (Artocarpus heterophyllus), introduzida no Brasil no período colonial, é uma árvore tropical, com copa frondosa, originária da Índia, cujo fruto, em função da consistência, é conhecido como jaca dura ou jaca mole, muito apreciado “in natura”, como doces ou geleias caseiras pela população e fonte de alimentos para a fauna.
A jaqueira vegeta de forma subespontânea nas regiões tropicais e subtropicais de alguns estados brasileiros, desempenhando importante papel diante de sua contribuição ambiental, econômica e social, características fundamentais da sustentabilidade ambiental.
A análise da contribuição ecológica da jaqueira é claramente comprovada nos pilares da sustentabilidade ambiental.
- Pilar ambiental: consumo de CO₂ (gás do efeito estufa), no processo da fotossíntese, com produção de oxigênio, contribuindo com créditos de carbono e alimento para a fauna.
- Pilar social: alimento, saúde e bem-estar para a população, geração de ocupação para a agricultura familiar.
- Pilar econômico: lucros para o pequeno produtor com a exploração e comercialização direta ou indireta dos frutos, sem causar impactos negativos para as pessoas e para o meio ambiente.
Nos dias atuais, essa riqueza socioambiental vem sofrendo altíssimo e irreversível impacto negativo, caracterizado pelo corte criminoso, desenfreado, descontrolado e irresponsável de jaqueiras centenárias para uso de sua madeira na confecção de móveis e peças de artesanato, sem reposição de novas jaqueiras. Trata-se de uma espécie exótica, portanto, não é protegida pela legislação ambiental brasileira.
Ao longo das estradas federal e estadual, a ação criminosa sobre a jaqueira fica caracterizada pela existência de pequenas serrarias, muitas das quais irregularmente instaladas na área de servidão das rodovias, confeccionando e comercializando móveis e artesanatos com a madeira de jaqueiras centenárias.
O descaso com a preservação das jaqueiras, diante da exploração predatória de exemplares centenários, sem o plantio de mudas de pé-de-jaca, com tendência, a médio prazo, de extinção da espécie, remete à situação descrita na composição de autoria de Augusto Jatobá, inteligentemente denunciando a destruição da Mata Atlântica e da Amazônia, na linda e emocionante canção Matança.
Parafraseando Jatobá, concluo citando verso da canção Matança, comparando a situação da jaqueira ao cedro:
Desde menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar”
“Quem hoje é vivo corre perigo”
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Foto: Posto de venda / Margem BR-101 |
Foto: Poltronas e mesas de centro |
Foto: Mesa e bancos |