O futuro da SESAU em Alagoinhas – Por Ícaro Pereira

O editor-chefe do Pereira News traz conjecturas acerca do futuro da Secretaria Municipal de Saúde em Alagoinhas

Rogério Ramos / Laína Passos
Foto: Divulgação / Redes Sociais

Caros leitores e leitoras que acompanham as informações e opiniões trazidas em nossa plataforma digital, sempre que publicamos um texto abordando as minúcias do terreno espinhoso que é a política municipal de Alagoinhas, muitas vezes ele acaba caindo como uma bomba.

Estamos comprometidos com o jornalismo, apurando os fatos, ouvindo fontes confiáveis e levando a verdade à população. Não somos videntes sobre o que ocorrerá amanhã; entretanto, buscamos ler o xadrez político para tentar compreender o que está por vir e, de maneira profilática, antecipar para você. Ao acompanhar nossos artigos, você estará sempre um passo à frente sobre o que acontece por debaixo dos panos na política de Alagoinhas.

Não temos interesse em agradar a todos que recebem nosso material. Não por prepotência ou arrogância, mas porque sabemos que jamais conseguiremos agradar a tantas mentes em um mundo tão plural como o nosso.

Hoje, iremos prognosticar um pouco sobre o futuro da secretaria mais rica e cobiçada do município de Alagoinhas: a Secretaria Municipal da Saúde.

Sem querer causar qualquer tipo de rivalidade entre os dois principais nomes que tendem a conduzir a pasta no governo de Gustavo Carmo, que se inicia em 1º de janeiro de 2025, as cartas do baralho nos levam a crer que o prefeito terá que tomar uma decisão importante: a continuidade da gestão de Laína Passos ou ceder o espaço ao Partido dos Trabalhadores, que tem como principal indicação o nome de Rogério Ramos.

Independentemente de quem venha a assumir essa pasta tão importante, enfrentará grandes desafios pela frente, como a modernização e aperfeiçoamento tecnológico da rede municipal, especialmente no que se refere ao sistema de prontuários eletrônicos; melhorias e agilidade nos atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde; além dos problemas recorrentes, como a falta de medicamentos. Sem mencionar a necessidade de ampliar o número de UPAs e outras unidades de atendimento especializadas, a fim de desafogar o Hospital Regional.

LAÍNA PASSOS

Formada em Enfermagem e com diversas especializações na área da saúde pública, Laína Gabrielle Passos Lobo assumiu a Secretaria de Saúde de Alagoinhas em meio à pandemia, no início do segundo mandato do prefeito Joaquim Neto. A pasta enfrentava sérios problemas e era alvo de muitas críticas.

Com o objetivo de melhorar a situação da saúde e fortalecer o governo, Laína demonstrou habilidade política e capacidade de diálogo, participando de audiências públicas e debates na Câmara Municipal. Apesar das dificuldades iniciais e da percepção de que a realidade da saúde em alguns locais divergia das informações oficiais, a entrega de obras como a UPA da Santa Terezinha e o Hospital Materno Infantil contribuiu para melhorar a imagem da gestão e reduzir as críticas.

A atual secretária conquistou diversos êxitos, mas sua permanência no cargo é incerta. A disputa por espaços de poder na administração municipal e as contribuições de diferentes grupos políticos durante o processo eleitoral podem influenciar a escolha do próximo secretário de saúde.

ROGÉRIO RAMOS

Graduado em Odontologia, Rogério Ribeiro Ramos também possui diversas especializações na área de saúde pública. Filiado há muitos anos ao Partido dos Trabalhadores, Rogério ocupou diversos cargos na gestão pública municipal e estadual, tendo como principal e último trabalho a direção do Núcleo Regional de Saúde (antiga Dires) da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), onde permanece até hoje.

Rogério teve um papel crucial no combate à Covid-19 durante a pandemia, entre 2020 e 2022. Ele liderou equipes e atuou de forma proativa em relação ao uso de máscaras e à promoção da vacinação. Concedeu diversas entrevistas à imprensa com o objetivo de conscientizar a população sobre os protocolos orientados pela Organização Mundial da Saúde, em um momento em que o país era liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que tinha uma visão sobre o tema completamente diferente da adotada pelo governo Rui Costa no Estado da Bahia.

Rogério vive a dualidade de ser irmão do deputado federal Joseildo Ribeiro Ramos. Por um lado, sente um grande orgulho por ter uma figura tão proeminente da política alagoinhense em sua família, alguém que ele admira profundamente e que, ao longo de sua trajetória, lhe proporcionou várias oportunidades, pelo seu justo mérito. No entanto, essa relação fraternal não só traz vantagens.

A existência de um irmão tão influente no cenário político de Alagoinhas muitas vezes faz com que Rogério seja mais reconhecido como “o irmão de Joseildo” do que pelas suas próprias realizações e valores pessoais. Essa associação com a figura de Joseildo faz com que muitos vejam suas conquistas como decorrentes de sua ligação fraternal, em detrimento do resultado de seu próprio trabalho árduo. Além disso, sua relação com o deputado comprometeu, por exemplo, as suas oportunidades na disputa pela vaga de vice na chapa liderada por Gustavo Carmo, já que muitos poderiam interpretar sua indicação como uma imposição do ex-prefeito petista apenas por ser seu irmão.

Rogério Ramos, sem sombra de dúvidas, não tem nada a provar para ninguém sobre sua capacidade como gestor na Saúde e pode ser um bom secretário, caso o desejo do Partido dos Trabalhadores de Alagoinhas de conduzir a SESAU seja atendido pelo prefeito eleito Gustavo Carmo. Seria um sonho para a legenda, que tanto criticou a área administrativa enquanto oposição nas gestões de Paulo Cézar e Joaquim Neto.

Durante uma entrevista concedida ao programa Canal Aberto da rádio 93 FM na manhã desta terça-feira (22), o deputado Joseildo deixou claro (para os bons entendedores) que o partido está à disposição para indicar um nome para o setor. A recente aparição da dupla de irmãos em eventos e entrevistas mostra que o partido espera ser recompensado pelas lutas e construções realizadas durante o pleito eleitoral de 2024. Seria ingenuidade da nossa parte imaginar que o PT abriria mão de uma candidatura em um município tão importante como Alagoinhas e não disputaria espaços relevantes dentro da esfera pública.

CORRENDO POR FORA

Com menos chances neste momento, surgem mais dois nomes para ocupar a pasta. Um deles é o médico oftalmologista e provedor da Santa Casa da Misericórdia, Dr. Antonio Virgínio Pereira, que foi Secretário de Saúde de Alagoinhas durante o governo de Joseildo Ramos. No entanto, possa ser que falte força política para impulsioná-lo, neste momento, à liderança da SESAU.

O outro nome é o da médica ginecologista e ex-prefeita de Cardeal da Silva, Dra. Mariane Mercuri. Embora seja lembrada, o fato de não ter sido um nome orgânico do grupo e não ter participado do início da construção do projeto coletivo dificilmente permitirá que ela ocupe um cargo no 1º escalão. Dra. Mariane pleiteava a vaga de candidata a vice-prefeita na chapa oposicionista encabeçada pelo ex-prefeito Paulo Cézar, mas, após ter sido preterida em favor do ex-vereador Roberto Torres, decidiu migrar, juntamente com seu grupo, para a composição governista.

A DECISÃO

Foto: Divulgação / Redes Sociais

Caberá ao prefeito eleito Gustavo Carmo a deliberação sobre quem irá gerir uma área tão importante de seu governo. Todos os nomes citados nesta coluna gozam do respeito e da admiração do filho de Judélio. Entretanto, como dizia o físico inglês Isaac Newton, “dois corpos não ocupam o mesmo espaço”; ou seja, se nem Jesus Cristo foi capaz de agradar a todos, quem dirá Gustavo Carmo, apesar de ter demonstrado muita habilidade e traquejo político. Agradar tantas pessoas e grupos em uma coalizão tão volumosa não será uma tarefa fácil.

Visando as eleições de 2026, o prefeito Joaquim Neto, juntamente com sua esposa, Ludmilla Fiscina, precisarão manter quadros dentro da gestão do município para que suas respectivas bases não se fragmentem e consigam lutar por vagas na Assembleia Legislativa e/ou na Câmara dos Deputados. Assim, a saída de nomes de confiança de Joaquim e Ludmilla da gestão municipal enfraqueceria sua posição futura sob o ponto de vista de densidade eleitoral.

Foram nove partidos que participaram da construção do projeto de Gustavo e Luciano. Um dos principais triunfos dessa articulação política foi a tão almejada unidade da base liderada pelo governador Jerônimo Rodrigues, algo que nem Wagner nem Rui conseguiram realizar em Alagoinhas. No entanto, há muitas pessoas e lideranças, principalmente do PT e do PCdoB, que estavam na oposição durante os dois mandatos do prefeito Joaquim Neto e agora terão o direito legítimo de indicar cargos no futuro governo.

Será que o governo é como coração de mãe, que sempre tem espaço para mais um? Será que rachas poderão ocorrer caso haja insatisfações em alguma das partes?

Não iremos entrar no mérito sobre quem é mais merecedor, quem é mais preparado ou quem ajudou mais na campanha entre Laína e Rogério. Essa decisão caberá ao prefeito Gustavo Augusto de Souza Carmo.

Espero que, independentemente de quem seja o titular da secretaria, traga novos elementos para a SESAU em Alagoinhas e amplie a oferta e a qualidade da rede municipal de saúde para a população.

Por Ícaro Pereira - Editor do Portal Pereira News

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