Curitiba se destaca na produção de orgânicos em hortas comunitárias

Segundo Juliana Luiz, gerente de projetos da organização, Curitiba se destacou em relação às demais por três razões. A primeira é a longevidade do projeto de Hortas Comunitárias Urbanas, que nasceu na década de 1980. Outro diferencial é a existência da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional e do Fundo de Abastecimento Alimentar de Curitiba – por causa dele, o projeto tem financiamento perene, e não intermitente, como ocorre em outras cidades.

O terceiro ponto positivo mencionado pela profissional é a legislação do município, que permite o uso temporário de espaços públicos e privados para o plantio. “A disponibilidade de terra é um gargalo em outras cidades porque, citando um exemplo, às vezes o terreno é do poder público, mas a Secretaria de Educação tem a intenção de construir uma escola no local e ele fica parado por cinco, seis anos, tempo suficiente para manter uma experiência de agricultura urbana”, explica.

Apesar das potencialidades, Curitiba ainda tem espaço para melhoria. A fim de sugerir caminhos, o Instituto Escolhas fez um mapeamento a partir de imagens de satélites. “Foi um trabalho de pinça, varrendo bairro a bairro, lote a lote”, conta Juliana Luiz. O Censo de 2017 do IBGE mapeou 123 estabelecimentos agropecuários no município. Já o Escolhas encontrou 1.118 polígonos de agricultura, contendo um potencial enorme de produção que estava invisível para a administração pública.

Os lotes sem prédios e sem florestas da capital paranaense também foram mapeados. “Nós detectamos 1.506 hectares ociosos, podendo ser espaços públicos ou privados. Como nós não sabemos de quem são esses lotes, qual é o grau de complexidade que se tem para usá-los, se eles são adequados para agricultura urbana ou não, a gente fez uma simulação sobre o potencial da produção em apenas 5% desses espaços”, diz.

A estimativa do instituto é que 5% dos espaços ociosos, que correspondem a 75 mil hectares, poderiam comportar a produção de 4 mil toneladas de alimento ao ano – verduras e hortaliças o suficiente para alimentar 137 mil pessoas, número que corresponde a 96% dos inscritos no CadÚnico em situação de pobreza na cidade.

A profissional ainda observa que os 75 mil hectares ociosos mapeados pelo Instituto poderiam gerar renda para 1.506 cidadãos, caso houvesse um programa de bolsas para incentivar o cultivo. Além disso, o consumo de orgânicos pode impactar positivamente a saúde da população, e a implementação de hortas comunitárias pode ajudar a evitar o acúmulo de lixo e auxiliar na segurança dos espaços urbanos, promovendo revitalização. “É uma experiência de ganha-ganha”, conclui.


Foto: Divulgação/Prefeitura de Curitiba
Fonte: Portal UOL

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